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Do autoconhecimento à autoestima - Como tudo começou...

Atualizado: 5 de dez. de 2023

Aos meus 22 anos de idade tive a minha primeira crise de ansiedade. Até então não sabia o que isso era. Tal como as pessoas à minha volta, pensava que isso eram só manias, coisas de pessoas que escolhem ver o lado negativo das coisas em vez do positivo e por isso acabam por ter de lidar com ansiedade e depressão.


A verdade, é que eu nem sabia da missa à metade.

Esse primeiro ataque e os ataques que se seguiram foram horríveis, parecia mesmo que eu ia morrer. Pelo menos, era essa a sensação.


O coração a mil, as mãos a suar, os pensamentos que pareciam descargas elétricas a vir do cérebro e acabar como frios na barriga. Enfim, uma sensação enorme de que tudo estava fora de controlo, incluindo a minha própria respiração.


Por vezes, acordava a meio da noite com uma crise de ansiedade e pensava:

- Não percebo. Ainda agora estava a dormir e, agora, acordo assim com a sensação de que vou morrer?!


Mal sabia eu que a pessoa que conhecia até então andava a camuflar uma série de coisas para que a realidade não viesse ao de cima.


Na altura, partilhava o quarto com a minha irmã e dormia no andar de cima de um beliche.

Até dormir nesse beliche mexia comigo, por vezes, sentia medo, não sabia que andar era o melhor.


No andar de cima, os meros 3 degraus pareciam estar a 3 andares de altura do chão, o que não proporcionava sensação de segurança. Eu sentia-me extremamente longe do meu lugar seguro, o chão.


Por outro lado, o andar de baixo também não era o mais favorável, porque dormir com uma cama em cima de mim provocava-me sensação de claustrofobia.


A solução que encontrava era dormir o mais tarde possível, para assim ir exausta para a cama e, pensava eu, conseguir dormir tudo seguido até o sol nascer. Isto, quando não acabava por fazer uma caminhada noturna com a minha mãe após sentir-me ansiosa e adormecer nos braços dela no sofá da sala com uma música relaxante.


Incrível, pensar agora nesses momentos e lembrar que a noite me trazia um misto de sensações, por um lado o mundo parava e era hora de acalmar, acalmar os pensamentos, a correria, etc. Por outro lado parecia que o breu da noite me sufocava, sentia a necessidade de estar constantemente vigilante. No fundo, permanecia acordada, assim, se a crise de ansiedade viesse, ela não me apanhava de surpresa, porque eu já estaria desperta.


De onde vinha tudo isto...

Ao longo da vida e acima de tudo na nossa infância, somos chamados de muitas coisas e sem nos darmos conta acabamos por aceitar e carregar isso como a nossa identidade, sem sequer haver grande margem para questionamentos. Afinal, essas primeiras palavras vêm de pessoas importantes e próximas na nossa vida.


Eu Rosana, uma menina negra, classe média baixa, que vivia num bairro social, que tinha gostos que iam desde o kuduro ao jazz de Miles Davis passando pela música clássica de Vivaldi..., na escola era gozada por não ter ténis de marca, falar baixinho, uma educadora na creche até me chamou de mosca morta, outros na minha juventude me chamavam de preguiçosa, dorminhoca,... ou seja, uma quantidade de nomes daqueles que são uma delícia ouvir...


Mais tarde, na faculdade tudo parecia ter mudado eu acreditava ter bastante personalidade, uma postura forte, dizia o que pensava, mas isso também nem sempre era bem interpretado, pois aqui já me achavam por vezes mandona de mais. Mal sabiam eles e eu também que era tudo uma carapaça de defesa.


- Se eu mostrar que sou forte, ninguém se vai aproveitar de mim, afinal de contas eu também tenho valor - pensava o meu inconsciente.


Ser filha de uma educação conservadora onde dizer o que pensava era considerado um ato de ativismo, algo revolucionário, fez com que muito daquilo que eu era e pensava fosse camuflado, reprimido, o que não ajudava muito à minha autodescoberta.


Não me poder expressar e descobrir de forma fluída e natural quem eu era, permitiu-me aceitar que todos os títulos que colocavam sobre mim correspondiam à verdade, quando no fundo eram, simplesmente, opiniões de outros. Na realidade, ninguém me via de verdade, pois olhavam para mim através de lentes distorcidas pelas suas próprias vivências.


Em busca da minha identidade

Nisto tudo, encontrar a minha identidade tornava-se difícil.

Para uns era mansa de mais, uma seca, certinha demais, para outros mandona e revolucionária.

Para uns era portuguesa, para outros cabo verdiana.

Para uns era muito escura, para outros até que não era assim tão escura.

Para uns falava pouco, para outros eu não me calava.

Para uns fazia demais para outros fazia de menos.

Enfim, encontrar a mim mesma, era de facto como procurar uma agulha num palheiro.


Fazendo as pazes comigo mesma

Dizem que Deus faz certo por linhas tortas. Se por um lado gostava de nunca ter sabido o que é uma crise de ansiedade, por outro, sei que foi esse mecanismo de sobrevivência despertado pelo meu corpo, que me permitiu compreender que havia algo ao qual não estava a prestar atenção.


Foi este o caminho que me levou a conhecer a Rosana de verdade, por trás de todos esses filtros.


Quando numa das minhas sessões de terapia, a minha terapeuta me questionou: Quem é a Rosana?

Questionei-me sobre como aquela pergunta poderia ajudar-me a lidar com a ansiedade, mas ao mesmo tempo, percebi que não sabia quase nada sobre mim, sabia mais sobre o que os outros pensavam de mim, do que aquilo que eu era de verdade.


Parecia nunca ser suficiente. Não agradava a gregos e a troianos. Fazia de tudo para ser aceite, pois assim iria sentir o amor e admiração da parte de todos. Contudo, em troca não vivia a minha autenticidade, a minha verdadeira essência.


Hoje sim, sei cada dia mais quem sou. E uma coisa é certa, não sou uma coisa só. Por vezes falo sem parar, outras vezes fico tímida no meu canto. Umas vezes não me apetece fazer nada, outras vezes não páro nem para comer até terminar o que tenho para fazer. Umas vezes sou aventureira outras vezes prefiro algo mais calmo entre tantas outras coisas...


A verdade é que aquilo que eu sou não se resume em poucas linhas, pois sou uma soma das minhas experiências, vivências, levo em mim um pouco de cada lugar por onde passei, cada cultura na qual me inseri, ...


E sim, hoje sou orgulhosa da mulher que me tornei, hoje sei como quero posicionar-me, sei o que pretendo para a minha vida. Já posso olhar para o espelho com um sorriso no rosto não apenas por aquilo que sou por fora mas também pelo que sou por dentro.


---


Queres conhecer mais sobre ti. Queres apoderar-te de quem és na verdade, deixar de viver em função do que os outros pensam que és ou de pensamentos que não correspondem à realidade? Queres apoderar-te da tua auto-confiança.


Então inscreve-te no Workshop online sobre Auto-estima - Fazendo as pazes comigo mesmo(a) que se vai realizar no dia 9 de Dezembro entre as 10h e as 12h, hora de Luxemburgo. Entre as 9h e 11h, hora de Portugal.


 
 
 

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