Fim de semana em Amesterdão
- Rosana Pina
- 24 de out. de 2023
- 3 min de leitura
E assim começou, numa sexta feira normal, uma nova e entusiasmante missão : Sobreviver a uma ida a Amesterdão.
Sim, sobreviver porque quando toca a sítios novos, com pessoas novas e em grupos grandes, a ansiedade sobe para os mil infinitos.
Hoje venho contar-vos como foi a minha primeira ida a Amesterdão.
Parte 1 – viagem a Amesterdão na minha cabeça
Estava tranquila na minha vida quando a minha irmã diz: Bora a Amesterdão?
O meu lado aventureiro diz logo:
- Yeaah!! Boraa, novos lugares a explorar, novas coisas a conhecer,... Adorooo!!
No entanto, essa voz do lado aventureiro não veio sozinha. Ela veio acompanhada pela outra, a tal, aquela que tem que sempre vir tentar estragar tudo. E começa ela então a dizer:
- Epaaah,... Sítios novos?? Sabes lá tu o que vai acontecer... E se acontece algo inesperado?? E se há algum acidente??? E se te sentes mal? Não conheces nada daquilo. Não é melhor ficares aqui onde conheces tudo. Assim, se algo acontecer sabes para onde te dirigir, onde te socorrer...
Quando essa segunda voz veio, decidi não lhe dar ouvidos e então confirmei à minha irmã que alinhava na viagem.
Parte 2 – A viagem a sério
E assim foi, início de tarde e lá nos lançávamos nós à estrada.
Fomos mais cedo que resto do grupo, pois assim poderíamos ir com mais calma, sem stress.
A viagem foi super tranquila. No caminho eu pensava:
- Elaah afinal as pessoas por estas estradas não conduzem tão mal. As estradas são largas parecem seguras e isto até está a correr bem. Só precisámos de parar algumas vezes por causa da bébé mas está tudo bem. Tudo sob controle.
1, 2, 3,4 horas de viagem e lá chegámos nós.
Yes! - primeira etapa concluída. Chegada a Amesterdão: Check.
E agora, pensei eu, agora sim vou poder descansar um pouco, relaxar e amanhã passear.
No entanto, assim que chego fico a saber que o local onde vou dormir nos próximos dias situa-se num, nada mais, nada menos que oitavo andar. E lá vou eu outra vez :
- Ohh não, não pode ser verdade. Porquê um andar tão alto? Será que consigo ir a pé ? Como faço com a minha pequena ? E se ela vai no elevador com o pai e eu a pé e o elevador encrava? Como lhe dou de comer?? Bom, acho que vou ter de enfrentar esta.
E assim foi, entro no elevador, tentando manter-me o mais descontraída possível, mas sempre mantendo os olhos colados ao ecrã que monstra os andares que vamos passando.
Só pensava dentro de mim :
- Deus, ajuda-nos a chegar bem, pleaseee!
E lá Ele ouviu as minhas preces e chegámos bem ao tão longínquo oitavo andar.
Missão número 3
Segunda missão concluída passemos então à terceira : Conseguir ultrapassar o facto de estar a mais de nem sei quantos metros do chão e sentir-me segura.
Ao chegar ao apartamento, tudo parecia estar bem. Era um espaço super agradável, com um pessoal super acolhedor e um cheirinho a comidinha acabada de fazer que atiçava o apetite.
Tudo parecia bem até que voltei a lembrar que estava num nada mais nada menos que : oitavo andar.
Apesar de ser um prédio bem estruturado em betão, talvez por conta do temporal que começou a fazer na rua a minha mente começou a sentir aquele oitavo andar como algo perigoso.
A insegurança voltou e na minha mente o prédio em que eu estava parecia agora ser
feito de papel.
É como se sentisse cada centímetro da distância a que estava do chão e na minha mente, ainda que estivesse dentro do apartamento, sentia uma espécie de vertigem e imaginava o chão que pisava como um pavimento extremamente fino e frágil.
Fui procurando abstrair-me dessa sensação, desconstruindo as ideias que iam surgindo na minha mente mas não estava a ser fácil. Falei com o meu marido, explicando o que estava a sentir e ele com alguma paciência ajudava-me a perceber o quão forte era o edifício e isso ajudava-me a acalmar um pouco.
Durante todo fim de semana fui procurando acalmar-me. Sentia receio de partilhar o que estava a sentir com as pessoas à minha volta, pois sabia que não iriam entender e isso iria fazer-me sentir mais fragilizada e fraca, tinha receio de me acharem ridícula por aquele tipo de pensamentos.
Não foi fácil, pois realmente só queria descontrair e divertir-me. Consegui fazê-lo por alguns momentos e vou poder guardar isso na minha memória.
Não posso deixar de reter também que no final saí vitoriosa nesta aventura: consegui ir até lá, consegui enfrentar o medo de andar de elevador e consegui partilhar com o meu marido o que estava a sentir sem sentir complexos comigo mesma. Por fim, voltei sã e salva para poder partilhar com vocês esta aventura e quem sabe um dia voltarei lá e conseguirei divertir-me ainda mais. Se não voltar lá, não faz mal pois também já valeu a pena.
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